O choro no terrítorio brasileiro

20:52 0 Comments A+ a-

Foto reprodução.



Este post refere-se ao choro brasileiro; um pouco de história, seus grandes nomes e sua evolução atual, após 150 anos da primeira nota.
Tem como base a obra “Choro do Quintal ao Municipal”, de Henrique Leal Cazes. Instrumentista e escritor, Cazes nasceu em 1959, no Rio de Janeiro. Arranjador e compositor brasileiro, filho do violonista Marcel Cazes.

Em 2004, tornou-se apresentador de rádio, lançando o programa “Nacional Choro Clube”, na Rádio Nacional AM, do Rio de Janeiro, entrevistando e apresentando alguns dos mais importantes músicos do choro e do samba.
Antes, Henrique Cazes, escreveu o livro “Choro do Quintal ao Municipal”, que, a nossos olhos, é a bibliografia número 1 do choro brasileiro.

Parte que sempre destaco do trabalho de Cazes é quando aborda o papel do grupo ‘Os Novos Baianos’. O autor afirma que “a banda trouxe de volta o interesse por instrumentos como cavaquinho, violão de sete cordas e o violão tenor. A associação do grupo, de imagem tão contra cultural, com valores tradicionais da música brasileira – continua - era algo impensável e teve efeito muito positivo de atrair para aquele tipo de música jovens como este autor”.
A declaração confirma tudo o que defendemos sobre a importância do excepcional grupo baiano em relação ao resgate do que há de tradicional e precioso em nossa música, com a modernidade na harmonia do novo tempo.
Não é farta a bibliografia sobre o choro no Brasil. Não chega a 30 o número de obras sobre o gênero que encontramos.

Temos José Ramos Tinhorão, com seu excelente “História Social da Música Popular Brasileira” e André Diniz, com alguns dos principais personagens fundadores do choro, em livros como “Joaquim Callado: O Pai do Choro”; “O Rio musical de “Anacleto de Medeiros:  A vida, a obra e o tempo de um mestre do Choro”; e “Chiquinha Gonzaga: uma História de Vida”. Sérgio Cabral e Haroldo Costa são outros nomes que produziram bons trabalhos sobre o tema.

Quem talvez tenha mais publicações sobre o assunto seja mesmo o vetusto Tinhorão, a quem conheci pessoalmente em festival de música regional, no Rio Grande do Sul, o “Acorde Brasileiro”, em 1985.

O “Almanaque do Choro: A História do Chorinho, O Que Ouvir, O Que Ler, Onde Curtir”, de André Diniz, é o trabalho que mais se compara a Cazes.

Outro destaque, em Cazes, é a conclusão de que “a mistura de estilos e sotaques que levou ao nascimento do Choro ocorreu de forma similar em diferentes países. A partir dos mesmos elementos – danças europeias (principalmente a polca) somadas ao sotaque musical do colonizador e à influência negra – foram surgindo gêneros que são a base da MPB”.

“Assim – segue nosso autor – se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine, da Martinica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano, vemos que todos são adaptações da polca”. E continua: “A diferença de resultados se deve ao sotaque inerente à música de cada colonizador (português, espanhol, francês e inglês) e, em alguns casos, a uma maior influência religiosa. A África, de onde vinham os escravos também influiu, pois foram trazidas diferentes tradições musicais por negros de tribos distintas”.

O livro cobre desde o nascimento da música popular no Rio e no mundo, até os principais nomes do gênero, como nos capítulos “Antonio Callado, a flauta e a música dos chorões”; “Anacleto de Medeiros, os chorões e as bandas”; “Chiquinha & Nazareth”; “o violão brasileiro”; “o surgimento de Pixinguinha”; “Carinhoso e Lamentos, revolução no Choro”; “O rádio e a fixação do ‘Regional’”; “Garoto, o choro de São Paulo”; “Jacob, o Choro levado a sério”; “Brasileiro, o Choro faz sucesso”; “Canhoto da Paraíba e o Choro Nordestino”; “Oficinas e Livros, o Choro vai à escola”; e “Choro por toda a Parte”.

Segundo Henrique Cazes “devemos creditar a nossos pioneiros, músicos como Callado, Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga, entre outros, a responsabilidade da forte liderança, que estabeleceu o alto padrão de composição que dura até hoje”. Carlos Gomes e Villa-Lobos viram em Anacleto e Nazareth a expressão de nossa identidade musical.