O choro no terrítorio brasileiro
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Este post refere-se ao choro brasileiro;
um pouco de história, seus grandes nomes e sua evolução atual, após 150 anos da
primeira nota.
Tem como base a obra “Choro do Quintal
ao Municipal”, de Henrique Leal Cazes. Instrumentista e escritor, Cazes nasceu
em 1959, no Rio de Janeiro. Arranjador e compositor brasileiro, filho do
violonista Marcel Cazes.
Em 2004, tornou-se apresentador de
rádio, lançando o programa “Nacional Choro Clube”, na Rádio Nacional AM, do Rio
de Janeiro, entrevistando e apresentando alguns dos mais importantes músicos do
choro e do samba.
Antes,
Henrique Cazes, escreveu o livro “Choro do Quintal ao Municipal”, que, a nossos
olhos, é a bibliografia número 1 do choro brasileiro.
Parte
que sempre destaco do trabalho de Cazes é quando aborda o papel do grupo ‘Os
Novos Baianos’. O autor afirma que “a banda trouxe de volta o interesse por
instrumentos como cavaquinho, violão de sete cordas e o violão tenor. A
associação do grupo, de imagem tão contra cultural, com valores tradicionais da
música brasileira – continua - era algo impensável e teve efeito muito positivo
de atrair para aquele tipo de música jovens como este autor”.
A
declaração confirma tudo o que defendemos sobre a importância do excepcional
grupo baiano em relação ao resgate do que há de tradicional e precioso em nossa
música, com a modernidade na harmonia do novo tempo.
Não
é farta a bibliografia sobre o choro no Brasil. Não chega a 30 o número de
obras sobre o gênero que encontramos.
Temos
José Ramos Tinhorão, com seu excelente “História Social da Música Popular
Brasileira” e André Diniz, com alguns dos principais personagens fundadores do
choro, em livros como “Joaquim Callado: O Pai do Choro”; “O Rio musical de
“Anacleto de Medeiros: A vida, a obra e o tempo de um mestre do Choro”; e
“Chiquinha Gonzaga: uma História de Vida”. Sérgio Cabral e Haroldo Costa são
outros nomes que produziram bons trabalhos sobre o tema.
Quem
talvez tenha mais publicações sobre o assunto seja mesmo o vetusto Tinhorão, a
quem conheci pessoalmente em festival de música regional, no Rio Grande do Sul,
o “Acorde Brasileiro”, em 1985.
O
“Almanaque do Choro: A História do Chorinho, O Que Ouvir, O Que Ler, Onde
Curtir”, de André Diniz, é o trabalho que mais se compara a Cazes.
Outro
destaque, em Cazes, é a conclusão de que “a mistura de estilos e sotaques que
levou ao nascimento do Choro ocorreu de forma similar em diferentes países. A
partir dos mesmos elementos – danças europeias (principalmente a polca) somadas
ao sotaque musical do colonizador e à influência negra – foram surgindo gêneros
que são a base da MPB”.
“Assim
– segue nosso autor – se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine, da
Martinica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano, vemos que
todos são adaptações da polca”. E continua: “A diferença de resultados se deve
ao sotaque inerente à música de cada colonizador (português, espanhol, francês
e inglês) e, em alguns casos, a uma maior influência religiosa. A África, de
onde vinham os escravos também influiu, pois foram trazidas diferentes
tradições musicais por negros de tribos distintas”.
O
livro cobre desde o nascimento da música popular no Rio e no mundo, até os
principais nomes do gênero, como nos capítulos “Antonio Callado, a flauta e a
música dos chorões”; “Anacleto de Medeiros, os chorões e as bandas”; “Chiquinha
& Nazareth”; “o violão brasileiro”; “o surgimento de Pixinguinha”;
“Carinhoso e Lamentos, revolução no Choro”; “O rádio e a fixação do
‘Regional’”; “Garoto, o choro de São Paulo”; “Jacob, o Choro levado a sério”;
“Brasileiro, o Choro faz sucesso”; “Canhoto da Paraíba e o Choro Nordestino”;
“Oficinas e Livros, o Choro vai à escola”; e “Choro por toda a Parte”.
Segundo
Henrique Cazes “devemos creditar a nossos pioneiros, músicos como Callado,
Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga, entre outros, a
responsabilidade da forte liderança, que estabeleceu o alto padrão de
composição que dura até hoje”. Carlos Gomes e Villa-Lobos viram em Anacleto e
Nazareth a expressão de nossa identidade musical.