Teatro brasileiro - sem trama, sem renovação!
Como escolher
uma boa peça de teatro? Muitas pessoas deixam de ir ao teatro por
desconhecimento. Não necessariamente porque não gostaram da única que vez que
foram ver a primeira peça.
Talvez não
tenham recebido estímulo para ir a outros espetáculos, conhecer novos autores,
atores e companhias de teatro. Preferem ir ao cinema ou ficam em casa, vendo
televisão, netflix e outras mídias, que é mais cômodo.
Há muito
tempo, o foco se desvia do teatro, substituído por espetáculos mais fáceis no
entendimento, mais baratos e, às vezes, pelo simples prazer de adotar um
“estilo de vida” ao frequentar uma casa como o Teatro Municipal.
Ouso dizer que
o Teatro é mãe de todas as artes. Nele se incluem a música, o canto, a
mise-en-scène – a própria encenação – a arquitetura, no espaço da função; na
literatura, através do texto ou da adaptação de obras literárias; as artes
plásticas – ali contidas na cenografia, cores, fundos e jogos de luzes -, a
declamação – no texto poético ou narrado -, a dança, o balé -, se for escrito
para tal, como “Violinista no Telhado”, ou em passagens importantes em
sonorizações e farsas, autos e outros gêneros.
O que se passa
então com essa arte tão nobre que, reconhecida por críticos, intelectuais e
estudiosos, além de um público cativo, para que esteja tão longe dos holofotes,
da ribalta e dos camarins nos dias de hoje.
Rápida
análise: há sim um aparato em sair de casa e ver uma peça de teatro. Este
motivo é importante, mas comum às outras atrações, como cinema, por exemplo.
Uma segunda razão – e esta sim, exclusiva -, é a pouca divulgação do teatro,
cada vez pior.
O teatro tem como grande poder mobilizador e talvez seu maior fascínio o fato
de permitir ao público ver a cena, a trama, o drama, a tragédia, a comédia, ao
vivo, sem edições e intermediários.
A cada dia um
espetáculo diferente, mesmo que seja a mesma peça. O ator está ali e, mesmo com
todos os textos fixados em sua memória, pode errar, e essa imponderabilidade dá
mais vivacidade ao jogo da encenação.
Em quantas
ocasiões não vimos atores de qualidade tropeçando ou trocando “deixas”,
embaralhando a cena ou a fala de seu coadjuvante e, depois, tornando a voltar
para o texto com elegância e talento que a plateia, por vezes, nem desconfia.
Além da falta
de divulgação e, principalmente, pela falta de apoio e patrocínio, quer seja
por leis de incentivo, prêmios, concursos e envolvimento de empresários e
produtores.
Nem todo galã
de tv é mau ator! Podem fazer ótimos Shakespeares e Molieres.
Fica a dica - Existem aqueles atores,
galãs e heróis da televisão que são a própria isca para que público vá assistir
determinada encenação. É uma situação que merece atenção do crítico e do
público em potencial.
Uma peça com ator global, como
chamariz, lotará a plateia pela presença do ídolo e, não raro, a peça é banal
ou poderia ter sido feita dentro de cânones mais aceitos dentro da carpintaria
cênica. Isto é péssimo e deseduca.
De outra parte, não podemos
generalizar e afirmar, como verdade absoluta, que “todos os espetáculos
protagonizados por ‘globais’ e/ou outros televisivos são necessariamente ruins”.
Arrisco, com meu próprio testemunho,
dizer que “Medida por Medida”, de Shakespeare, com Tiago Lacerda e Giulia Gam,
é espetáculo de primeira grandeza, nada deixando a desejar a outras companhias
e grupos.
Do mesmo modo, registro que o clássico
“Galileu, Galilei”, de Bertold Brecht (um dos melhores textos que conheço),
tem, incrivelmente, uma mulher - Denise Fraga - interpretando o grande
cientista, astrônomo e perseguido pela Inquisição. A atriz que é tida por
muitos como (apenas) uma comediante –, está excelente no papel.
Gosto de mostrar a necessidade de se
ter um repertório. Conhecer as peças de Molière, Ibsen, Pirandelllo, Becket,
Brecht, Ionesco, nossos brasileiros Nelson Rodrigues, Plinio Marcos, Leilah
Assunção, além dos primeiros, os gregos Aristóteles, Aristófanes e Eurípedes, é
bom para uma simbiose com o teatro.
Sim, assistir Fernanda Montenegro, em
“Dona Doida”, Marco Nanini, em “Tartufo”, ‘Pedro do Reino’, um Ariano Suassuna
adaptado por Antunes Filho. Antes, Procópio Ferreira, “n’O Avarento”, Paulo
Autran, e “Visitando Mr Green”.
Aqui, em nosso blog um curtíssimo
trecho do grande Paulo Autran em cena. Com uma peça de repertório que todos
deveriam assistir.
Do teatro, nunca teremos dito o
suficiente para sequer entendê-lo, imaginem esgotar seus temas de mérito e suas
formas, modalidades, inovações.
Além do teatro na sala de espetáculo, temos o teatro de rua, mambembe, o teatro de bonecos, mamulengos, fantoches, as três grandes linhas do teatro japonês NO, KABUKI e BUNRAKU. Os teatros experimentais, o da universidade, das escolas.
Nesse breve desagravo quanto à atual posição do teatro brasileiro, reitero que, quem se aproxima do teatro, ganha informações, formação, conceitos e emoções que talvez não encontrem em outras manifestações. É hora de renovação.
Além do teatro na sala de espetáculo, temos o teatro de rua, mambembe, o teatro de bonecos, mamulengos, fantoches, as três grandes linhas do teatro japonês NO, KABUKI e BUNRAKU. Os teatros experimentais, o da universidade, das escolas.
Nesse breve desagravo quanto à atual posição do teatro brasileiro, reitero que, quem se aproxima do teatro, ganha informações, formação, conceitos e emoções que talvez não encontrem em outras manifestações. É hora de renovação.
Vamos voltar
ao teatro!
1 comentários:
Write comentáriosComo aficcionado do teatro, quero saudar o oportuno apelo do texto
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