Teatro brasileiro - sem trama, sem renovação!

20:37 1 Comments A+ a-




Como escolher uma boa peça de teatro? Muitas pessoas deixam de ir ao teatro por desconhecimento. Não necessariamente porque não gostaram da única que vez que foram ver a primeira peça.

Talvez não tenham recebido estímulo para ir a outros espetáculos, conhecer novos autores, atores e companhias de teatro. Preferem ir ao cinema ou ficam em casa, vendo televisão, netflix e outras mídias, que é mais cômodo.

Há muito tempo, o foco se desvia do teatro, substituído por espetáculos mais fáceis no entendimento, mais baratos e, às vezes, pelo simples prazer de adotar um “estilo de vida” ao frequentar uma casa como o Teatro Municipal.

Ouso dizer que o Teatro é mãe de todas as artes. Nele se incluem a música, o canto, a mise-en-scène – a própria encenação – a arquitetura, no espaço da função; na literatura, através do texto ou da adaptação de obras literárias; as artes plásticas – ali contidas na cenografia, cores, fundos e jogos de luzes -, a declamação – no texto poético ou narrado -, a dança, o balé -, se for escrito para tal, como “Violinista no Telhado”, ou em passagens importantes em sonorizações e farsas, autos e outros gêneros.

O que se passa então com essa arte tão nobre que, reconhecida por críticos, intelectuais e estudiosos, além de um público cativo, para que esteja tão longe dos holofotes, da ribalta e dos camarins nos dias de hoje.

Rápida análise: há sim um aparato em sair de casa e ver uma peça de teatro. Este motivo é importante, mas comum às outras atrações, como cinema, por exemplo. Uma segunda razão – e esta sim, exclusiva -, é a pouca divulgação do teatro, cada vez pior.

            O teatro tem como grande poder mobilizador e talvez seu maior fascínio o fato de permitir ao público ver a cena, a trama, o drama, a tragédia, a comédia, ao vivo, sem edições e intermediários. 

A cada dia um espetáculo diferente, mesmo que seja a mesma peça. O ator está ali e, mesmo com todos os textos fixados em sua memória, pode errar, e essa imponderabilidade dá mais vivacidade ao jogo da encenação.

Em quantas ocasiões não vimos atores de qualidade tropeçando ou trocando “deixas”, embaralhando a cena ou a fala de seu coadjuvante e, depois, tornando a voltar para o texto com elegância e talento que a plateia, por vezes, nem desconfia.

Além da falta de divulgação e, principalmente, pela falta de apoio e patrocínio, quer seja por leis de incentivo, prêmios, concursos e envolvimento de empresários e produtores.

Nem todo galã de tv é mau ator! Podem fazer ótimos Shakespeares e Molieres.

Fica a dica - Existem aqueles atores, galãs e heróis da televisão que são a própria isca para que público vá assistir determinada encenação. É uma situação que merece atenção do crítico e do público em potencial.

Uma peça com ator global, como chamariz, lotará a plateia pela presença do ídolo e, não raro, a peça é banal ou poderia ter sido feita dentro de cânones mais aceitos dentro da carpintaria cênica. Isto é péssimo e deseduca.

De outra parte, não podemos generalizar e afirmar, como verdade absoluta, que “todos os espetáculos protagonizados por ‘globais’ e/ou outros televisivos são necessariamente ruins”.

Arrisco, com meu próprio testemunho, dizer que “Medida por Medida”, de Shakespeare, com Tiago Lacerda e Giulia Gam, é espetáculo de primeira grandeza, nada deixando a desejar a outras companhias e grupos.

Do mesmo modo, registro que o clássico “Galileu, Galilei”, de Bertold Brecht (um dos melhores textos que conheço), tem, incrivelmente, uma mulher - Denise Fraga - interpretando o grande cientista, astrônomo e perseguido pela Inquisição. A atriz que é tida por muitos como (apenas) uma comediante –, está excelente no papel.

Gosto de mostrar a necessidade de se ter um repertório. Conhecer as peças de Molière, Ibsen, Pirandelllo, Becket, Brecht, Ionesco, nossos brasileiros Nelson Rodrigues, Plinio Marcos, Leilah Assunção, além dos primeiros, os gregos Aristóteles, Aristófanes e Eurípedes, é bom para uma simbiose com o teatro.

Sim, assistir Fernanda Montenegro, em “Dona Doida”, Marco Nanini, em “Tartufo”, ‘Pedro do Reino’, um Ariano Suassuna adaptado por Antunes Filho. Antes, Procópio Ferreira, “n’O Avarento”, Paulo Autran, e “Visitando Mr Green”.

Aqui, em nosso blog um curtíssimo trecho do grande Paulo Autran em cena. Com uma peça de repertório que todos deveriam assistir.




Do teatro, nunca teremos dito o suficiente para sequer entendê-lo, imaginem esgotar seus temas de mérito e suas formas, modalidades, inovações.
  
Além do teatro na sala de espetáculo, temos o teatro de rua, mambembe, o teatro de bonecos, mamulengos, fantoches, as três grandes linhas do teatro japonês NO, KABUKI e BUNRAKU. Os teatros experimentais, o da universidade, das escolas.

Nesse breve desagravo quanto à atual posição do teatro brasileiro, reitero que, quem se aproxima do teatro, ganha informações, formação, conceitos e emoções que talvez não encontrem em outras manifestações. É hora de renovação.
Vamos voltar ao teatro!                    

                            


1 comentários:

Write comentários
pernambuco
AUTHOR
13 de abril de 2016 às 11:33 delete

Como aficcionado do teatro, quero saudar o oportuno apelo do texto

Reply
avatar